domingo, 20 de março de 2011

140 Anos da Comuna de Paris


No dia 18 de março de 1871 deflagrou-se a primeira Revolução Proletária do mundo. O troar dos canhões anunciou aos povos do mundo a primeira experiência da ditadura do proletariado. Em toda Paris ecoava: "Viva a Comuna!".

A Comuna de Paris viveu apenas setenta e dois dias. Nesse curto espaço de tempo, varreu os escombros do velho poder. A reação da burguesia se desatou sob a forma de uma vingança sangrenta. Uma luta desigual, encarniçada, terrível, travou-se nas ruas da cidade e foi aí que o heroísmo da classe operária manifestou-se em toda a sua grandeza. Marx sentia uma admiração sem limites pelo heroísmo com que os comunardos "tomavam o céu de assalto".

A Comuna exerceu uma grande influência na luta da classe operária em todo o mundo. "Ela — disse Lênin — deu impulso ao movimento socialista em toda a Europa, mostrou a força da guerra civil... A Comuna ensinou o proletariado europeu a colocar de maneira concreta as tarefas da Revolução Socialista".

A Comuna prestou, com sua experiência, uma grande contribuição à luta revolucionária do proletariado. Demonstrou a necessidade de romper a velha máquina do Estado, evidenciou na prática a necessidade da ditadura do proletariado. Também pôs de manifesto, com toda a sua força, a necessidade da aliança dos operários com os camponeses. Demonstrou que, somente sob a direção de um partido autenticamente revolucionário, o proletariado poderá triunfar sobre seus inimigos.

Saudações...

domingo, 13 de março de 2011

Homem de Ferro e Flor


Nesse dia 13 de março de 2011, Gregório Bezerra faria 101 anos de vida. Um homem que dedicou sua vida à luta dos trabalhadores e em prol do socialismo.

Gregório Bezerra nasceu na cidade de no município de Panelas/PE, desde seus 4 anos de idade trabalhou na agricultura no sítio Mocós. Foi para o Recife com 10 anos, após passar 2 anos trabalhando com “escravo” domestico. Ao chegar à capital pernambucana, Gregório Bezerra trabalha como jornaleiro e, mesmo analfabeto, começa seu interesse pela política, a partir de sua vivência com a realidade dos trabalhadores.

Sua primeira participação no movimento político foi em 1917, numa passeata pela jornada de trabalho de 8 horas e apoio aos bolcheviques, onde foi preso e condenado a 5 anos de detenção por perturbação da ordem pública.

No ano de 1922 ele alista-se no Exército e decide se alfabetizar para entrar na Escola de Sargentos. Já a partir de 1927 passou a ler diversas obras marxistas e no ano de 1929 consegue entrar para a Escola de Sargentos. No ano seguinte ele filia-se ao Partido Comunista Brasileiro e passa a proteger militantes perseguidos pelo movimento integralista da época

Participante da Aliança Nacional Libertadora (ANL), sua principal tarefa foi filiar o maior número de militares à frente. Gregório obteve sucesso nesta tarefa, além de conseguir centenas de fuzis e munições para a frente. Teve a incumbência, ainda, de deflagrar o movimento revolucionário em Recife. Liderou a tomada do Quartel General e vários pontos importantes da cidade.

Com o movimento derrotado, Gregório foi preso, espancado e barbaramente torturado. Por participar dos eventos ligados à insurreição comunista, Gregório foi condenado a 27 anos de prisão. Em 1942 foi transferido para a Ilha Grande. No ano seguinte, quando passou para o presídio Frei Caneca, conheceu Prestes.
Nas eleições de dezembro do mesmo ano, Em 1942, Gregório é eleito Deputado Federal de Pernambuco mais votado para a Constituinte, aonde defendeu o direito de greve e a autonomia sindical; direito de votos aos analfabetos e aos militares; denúncia da exploração do trabalho, principalmente infantil; defesa da construção de creches para as mães solteiras e trabalhadoras, assim como sua obrigatoriedade em escolas, postos médicos, favelas e locais de trabalho. Foi defensor incondicional da Reforma Agrária Radical. Em setembro de 1947 o PCB volta novamente à ilegalidade e o mandato de seus deputados são cassados, inclusive o de Gregório Bezerra. Em 1948 foi sequestrado e preso por ordem do então presidente Dutra.

Em 1957 foi novamente preso por sua militância, principalmente formando Ligas Camponesas e sindicatos rurais.

Com o Golpe Militar de 1964, Gregório foi novamente cassado, espancado e barbaramente torturado pelos militares. Durante o período em que esteve preso, foi levado às ruas de Recife, amarrado com cordas pelo pescoço e arrastado.
Foi processado e condenado por crime de lesa Pátria e por subversão a 19 anos de prisão e sua saúde e integridade física foram totalmente abalados. Foi libertado, somente, no ano de 1969, trocado, junto com 13 presos políticos, pela vida do embaixador americano seqüestrado no Brasil.

Foi enviado ao México, Cuba e URSS, onde recebeu assistência médica para tratar de sua saúde. Recuperado, passou a integrar o Movimento Internacional da Classe Operária no exílio. Retornou ao Brasil no ano de 1979, com a Anistia.
Em 1980 desliga-se do PC, solidarizando-se com Prestes, afirmando que continuaria fiel ao Marxismo-Leninismo e lutando pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita.

Beneficiado pela anistia em 1979, retorna ao Brasil. Deixa o Comitê Central do PCB, por divergências internas, e, em 1982, foi candidato a deputado federal pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) de Pernambuco, ficando apenas como suplente.

Morreu na cidade de São Paulo, no dia 23 de outubro de 1983. Seu corpo foi velado na Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco, tendo reunindo milhares de pessoas.

quinta-feira, 3 de março de 2011

“A opressão do homem pelo homem iniciou-se com a opressão da mulher pelo homem” Karl Marx


Hoje, todos comemoram o Dia Internacional da Mulher, a burguesia, a classe trabalhadora, as grandes nações.... a própria ONU reconhece esse dia. Mas de onde saiu, de fato, esse dia?

A questão da libertação da mulher floresceu a partir do próprio movimento socialista mundial, no final do século XIX e início do século XX.

O cerne desta luta pode ser encontrada nos textos de Marx e Engels. A Origem da Família, da Propriedade e do Estado, de Engels, é a base da visão dos socialistas sobre a necessidade da libertação da mulher proletária com sua visão da família, da mulher proletária e da burguesa que permeiam.

A importância da luta das mulheres por uma sociedade mais justa ganha força em 1890, quando Clara Zetkin começou a falar, escrever e organizar a luta das mulheres visando integrá-las à luta socialista, logo após a fundação da Internacional Socialista. A luta de Clara Zetkin buscava fazer com que as mulheres tomassem seu lugar na luta de classes, na revolução socialista que estava por nascer.

Duas contribuições para a organização da mulher na luta socialista foi, primeiramente, a obra de um grande teórico da Internacional, August Bebel. Em 1985 ele escreveu A Mulher e o Socialismo. Com essa influência e com a necessidade da organização das mulheres trabalhadoras que Alexandra Kollontai escreveu em 1905 A Nova Mulher e a Moral Sexual.

Nesse envoltório de lutas operárias e de discussões teóricas, no campo socialista, é que nasceu a luta pela participação política e, pouco a pouco, pela libertação da mulher.

A partir do começo do século XX, essa batalha das socialistas se cruzou com a do movimento das mulheres independentes, em sua maioria pertencentes às classes média e alta, que estavam em campanha pelo direito de voto. Essas mulheres, nos Estados Unidos e na Inglaterra, ao reivindicar o sufrágio para as mulheres, ficaram conhecidas como as sufragistas e suas relações com as socialistas eram de conflito, devido às visões e a posição de classe diferentes.

No primeiro ano do século XX, nos EUA, logo após a criação do Partido Socialista, surge a União Socialista das Mulheres, com a finalidade de reivindicar o direito de voto feminino.

No Velho Mundo, o movimento das mulheres socialistas, liderado por Clara Zetkin, passa por diversos e intensos debates. No começo, dentro da própria Internacional, se levava uma guerra sistemática contra a luta pelo direito de voto feminino, visto como uma forma de desviar as forças revolucionárias das mulheres e considerado como uma reivindicação burguesa. Era assim que eram tachadas, pelos socialistas, as sufragistas, seja da Europa que da América.

Esse posicionamento dos socialistas europeus será adotada pelo Partido Socialista americano, em meio a grandes debates e com vozes discordantes. No meio do calor e das contradições desse debate, na 1ª Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, em 1907, em Stuttgart, 58 delegadas de 14 países elaboraram uma proposição que comprometia os vários Partidos Socialistas a entrar na luta pelo voto feminino. A resolução foi elaborada, na véspera, na casa de Clara Zetkin, por ela e duas camaradas: Rosa Luxemburgo e a única russa da Conferência, Alexandra Kollontai.

Em agosto de 1910, antes do Congresso da Internacional, se realizou em Copenhague, na Dinamarca, a 2ª Conferência Internacional das Mulheres Socialistas. Foi então que as delegadas americanas levaram a proposta aprovada no Congresso do seu partido. Assim, aceitando a proposta das delegadas estadunidenses, Clara Zetkin e outras camaradas propõem a realização anual do Dia Internacional da Mulher.

O dia ficou indefinido. Ficou a cargo de cada país escolher a data melhor para comemorar este dia. A resolução aprovada será publicada logo em seguida, no jornal dirigido por Clara, A Igualdade, em 29 de agosto.

O 8 de Março

Em plena Guerra Mundial, em 1917, na Rússia, as mulheres socialistas realizaram seu Dia da Mulher no dia 23 de fevereiro, pelo calendário russo. No calendário ocidental, a data correspondia ao dia 8 de Março. Era o mesmo dia que, na Alemanha, tinha sido escolhido em 1914. Foi nesse dia que explodiu a greve espontânea das tecelãs e costureiras de Petrogrado.

Nesse dia, um grande número de mulheres operárias, na maioria tecelãs e costureiras, contrariando a decisão do Partido, que achava que aquele não era o momento para qualquer greve, saíram às ruas em manifestação por pão e paz, lutando contra a fome, a guerra e o czarismo. Declararam-se em greve. Essa manifestação foi o estopim do começo da primeira fase da Revolução Russa, conhecida depois como a Revolução de Fevereiro. Em outubro o Partido Bolchevique lidera a grande Revolução Russa. Assim, o dia 08 de março, segundo o próprio Kollontai, foi data memorável na história. Nesse dia as mulheres russas levantaram a tocha da revolução.

E se alguém questionar a greve das operárias norte-americanas de 1857, como foco do Dia Internacional da Mulher, busquem o livro de Renée Côté (1984).

Saudações...