terça-feira, 5 de março de 2013

COM A GARANTIA DA INCERTEZA DO AMANHÃ



“As soluções não podem ser apenas formais: elas devem ser essenciais
José Martí

Essas palavras que seguem têm em sua essência, compartilhar com todas e todos a minha indignação com o nível de extremidade a qual a precarização da nossa UEPB chegou. Refiro-me, em especial, a situação dos professores substitutos, profissionais que levam, literalmente, a instituição nas costas, que dão todo seu esforço físico e intelectual para tentar construir uma universidade nova e que, a cada semestre, vêm sendo marginalizados pela gestão central da UEPB.
Os contratos que em sua normalidade têm validade por 2 anos, se cria uma clausula para que a cada seis meses eles seja reincididos, não pagando os meses de julho e janeiro, deixando nós professores, em sua maioria, sem renda, já que nos é exigido uma altíssima carga horário e uma ocupação de no mínimo 3 dias por semana, o que nos impede de conseguir outro trabalho, nos tornando professores de dedicação exclusiva.
Desde a minha aprovação em concurso para tal função, em setembro de 2010, venho me dedicando, como vários outros professores substituto, à nossa UEPB. Mesmo sendo a regência de horas/aulas o único dever de um professor substituto (como é colocado no contrato), desenvolvemos diversas outras atividades, por exemplo: a presença em praticamente todas as reuniões de departamento e coordenação; contribuímos com o novo PPP do curso de geografia; participamos, tanto como palestrante, como convidando diversos pesquisadores para o Ciclo de Palestras; Desenvolvemos o Grupo de Estudo Marxismo e Geografia, com 6 estudantes, o qual resultou em diversas publicações e outras atividades; Conseguimos a aprovação de um projeto de extensão junto à reitoria, o qual tivemos um bolsista, que também resultou de diversas publicações (mas para isso teve que ter a assinatura de um prof. Efetivo, já que nós substitutos não podemos elaborar projetos); Ingressamos no curso de extensão Espaço Social: visões e revisões;Conseguimos implementar o Cine Clube Geografia e luta de Classes; Contribuímos com a construção da Semageo/2012, a qual trouxemos o prof Ruy Moreira e outros pesquisadores para participarem do evento; Além das aulas na Especialização e as diversas orientações tanto na pós, quanto na graduação. Enfim... tentamos, dentro de nossas limitações, construir uma UEPB mais forte.
No entanto, apesar de toda contribuição que demos à UEPB, mais um fato de descaso e precarização se desenvolveu: a não renovação dos contratos em 2013. O reitor diz que a culpa é a greve dos funcionários, que a deflagraram e não renovaram os contratos, também se é dito que os departamentos enviaram tardiamente as solicitações para os contratos serem renovados. Pra mim só há um culpado: o Reitor e sua política de precarização do trabalho dos professores, pois, caso não houvesse essa (faltou adjetivo) de reincidirem os contratos, nada disso teria acontecido.
É inaceitável que uma instituição pública de ensino superior dependa, o seu funcionamento, de substitutos (muitos já com 3 concursos), pois, se tod@s os substitutos deixarem seus cargos, a UEPB vai parar. Imagine só: no nosso departamento de geografia, campus III há, atualmente, 8 professores substitutos, onde, no geral, cada um  tem 3 turmas e/ou disciplinas, ou seja, 24 turmas/disciplinas dependem de nós substitutos. Como uma universidade pode funcionar assim????
É nesse sentido, por lutar contra a precarização do trabalho, contra a exploração  da classe trabalhadora e por uma Universidade PÚBLICA de QUALIDADE que informo, com a garantia da incerteza do amanhã, o meu DESLIGAMENTO da UEPB de essência privada, pois o que vimos é o caráter de uma empresa privada em uma instituição pública, onde a insegurança da permanência dos seus profissionais é constante.
Sei que permanecendo na UEPB poderia combater essas políticas, mas... chega um momento que a humilhação e desrespeito têm um limite e, para mim, esse momento chegou! Continuarei sempre forte na luta, hoje, em outras frentes.   

Alexandre Peixoto Faria Nogueira