“As soluções não podem ser apenas formais:
elas devem ser essenciais”
José
Martí
Essas
palavras que seguem têm em sua essência, compartilhar com todas e todos a minha
indignação com o nível de extremidade a qual a precarização da nossa UEPB
chegou. Refiro-me, em especial, a situação dos professores substitutos,
profissionais que levam, literalmente, a instituição nas costas, que dão todo
seu esforço físico e intelectual para tentar construir uma universidade nova e
que, a cada semestre, vêm sendo marginalizados pela gestão central da UEPB.
Os
contratos que em sua normalidade têm validade por 2 anos, se cria uma clausula
para que a cada seis meses eles seja reincididos, não pagando os meses de julho
e janeiro, deixando nós professores, em sua maioria, sem renda, já que nos é
exigido uma altíssima carga horário e uma ocupação de no mínimo 3 dias por
semana, o que nos impede de conseguir outro trabalho, nos tornando professores
de dedicação exclusiva.
Desde
a minha aprovação em concurso para tal função, em setembro de 2010, venho me
dedicando, como vários outros professores substituto, à nossa UEPB. Mesmo sendo
a regência de horas/aulas o único dever de um professor substituto (como é
colocado no contrato), desenvolvemos diversas outras atividades, por exemplo: a
presença em praticamente todas as reuniões de departamento e coordenação;
contribuímos com o novo PPP do curso de geografia; participamos, tanto como
palestrante, como convidando diversos pesquisadores para o Ciclo de Palestras; Desenvolvemos
o Grupo de Estudo Marxismo e Geografia, com 6 estudantes, o qual resultou em
diversas publicações e outras atividades; Conseguimos a aprovação de um projeto
de extensão junto à reitoria, o qual tivemos um bolsista, que também resultou
de diversas publicações (mas para isso teve que ter a assinatura de um prof.
Efetivo, já que nós substitutos não podemos elaborar projetos); Ingressamos no
curso de extensão Espaço Social: visões e revisões;Conseguimos implementar o
Cine Clube Geografia e luta de Classes; Contribuímos com a construção da
Semageo/2012, a qual trouxemos o prof Ruy Moreira e outros pesquisadores para
participarem do evento; Além das aulas na Especialização e as diversas
orientações tanto na pós, quanto na graduação. Enfim... tentamos, dentro de
nossas limitações, construir uma UEPB mais forte.
No
entanto, apesar de toda contribuição que demos à UEPB, mais um fato de descaso
e precarização se desenvolveu: a não renovação dos contratos em 2013. O reitor
diz que a culpa é a greve dos funcionários, que a deflagraram e não renovaram
os contratos, também se é dito que os departamentos enviaram tardiamente as
solicitações para os contratos serem renovados. Pra mim só há um culpado: o
Reitor e sua política de precarização do trabalho dos professores, pois, caso
não houvesse essa (faltou adjetivo) de reincidirem os contratos, nada disso
teria acontecido.
É
inaceitável que uma instituição pública de ensino superior dependa, o seu
funcionamento, de substitutos (muitos já com 3 concursos), pois, se tod@s os
substitutos deixarem seus cargos, a UEPB vai parar. Imagine só: no nosso
departamento de geografia, campus III há, atualmente, 8 professores
substitutos, onde, no geral, cada um tem
3 turmas e/ou disciplinas, ou seja, 24 turmas/disciplinas dependem de nós
substitutos. Como uma universidade pode funcionar assim????
É
nesse sentido, por lutar contra a precarização do trabalho, contra a
exploração da classe trabalhadora e por
uma Universidade PÚBLICA de QUALIDADE que informo, com a garantia da incerteza
do amanhã, o meu DESLIGAMENTO da UEPB de essência privada, pois o que vimos é o
caráter de uma empresa privada em uma instituição pública, onde a insegurança
da permanência dos seus profissionais é constante.
Sei
que permanecendo na UEPB poderia combater essas políticas, mas... chega um
momento que a humilhação e desrespeito têm um limite e, para mim, esse momento
chegou! Continuarei sempre forte na luta, hoje, em outras frentes.
Alexandre
Peixoto Faria Nogueira