domingo, 13 de março de 2011

Homem de Ferro e Flor


Nesse dia 13 de março de 2011, Gregório Bezerra faria 101 anos de vida. Um homem que dedicou sua vida à luta dos trabalhadores e em prol do socialismo.

Gregório Bezerra nasceu na cidade de no município de Panelas/PE, desde seus 4 anos de idade trabalhou na agricultura no sítio Mocós. Foi para o Recife com 10 anos, após passar 2 anos trabalhando com “escravo” domestico. Ao chegar à capital pernambucana, Gregório Bezerra trabalha como jornaleiro e, mesmo analfabeto, começa seu interesse pela política, a partir de sua vivência com a realidade dos trabalhadores.

Sua primeira participação no movimento político foi em 1917, numa passeata pela jornada de trabalho de 8 horas e apoio aos bolcheviques, onde foi preso e condenado a 5 anos de detenção por perturbação da ordem pública.

No ano de 1922 ele alista-se no Exército e decide se alfabetizar para entrar na Escola de Sargentos. Já a partir de 1927 passou a ler diversas obras marxistas e no ano de 1929 consegue entrar para a Escola de Sargentos. No ano seguinte ele filia-se ao Partido Comunista Brasileiro e passa a proteger militantes perseguidos pelo movimento integralista da época

Participante da Aliança Nacional Libertadora (ANL), sua principal tarefa foi filiar o maior número de militares à frente. Gregório obteve sucesso nesta tarefa, além de conseguir centenas de fuzis e munições para a frente. Teve a incumbência, ainda, de deflagrar o movimento revolucionário em Recife. Liderou a tomada do Quartel General e vários pontos importantes da cidade.

Com o movimento derrotado, Gregório foi preso, espancado e barbaramente torturado. Por participar dos eventos ligados à insurreição comunista, Gregório foi condenado a 27 anos de prisão. Em 1942 foi transferido para a Ilha Grande. No ano seguinte, quando passou para o presídio Frei Caneca, conheceu Prestes.
Nas eleições de dezembro do mesmo ano, Em 1942, Gregório é eleito Deputado Federal de Pernambuco mais votado para a Constituinte, aonde defendeu o direito de greve e a autonomia sindical; direito de votos aos analfabetos e aos militares; denúncia da exploração do trabalho, principalmente infantil; defesa da construção de creches para as mães solteiras e trabalhadoras, assim como sua obrigatoriedade em escolas, postos médicos, favelas e locais de trabalho. Foi defensor incondicional da Reforma Agrária Radical. Em setembro de 1947 o PCB volta novamente à ilegalidade e o mandato de seus deputados são cassados, inclusive o de Gregório Bezerra. Em 1948 foi sequestrado e preso por ordem do então presidente Dutra.

Em 1957 foi novamente preso por sua militância, principalmente formando Ligas Camponesas e sindicatos rurais.

Com o Golpe Militar de 1964, Gregório foi novamente cassado, espancado e barbaramente torturado pelos militares. Durante o período em que esteve preso, foi levado às ruas de Recife, amarrado com cordas pelo pescoço e arrastado.
Foi processado e condenado por crime de lesa Pátria e por subversão a 19 anos de prisão e sua saúde e integridade física foram totalmente abalados. Foi libertado, somente, no ano de 1969, trocado, junto com 13 presos políticos, pela vida do embaixador americano seqüestrado no Brasil.

Foi enviado ao México, Cuba e URSS, onde recebeu assistência médica para tratar de sua saúde. Recuperado, passou a integrar o Movimento Internacional da Classe Operária no exílio. Retornou ao Brasil no ano de 1979, com a Anistia.
Em 1980 desliga-se do PC, solidarizando-se com Prestes, afirmando que continuaria fiel ao Marxismo-Leninismo e lutando pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita.

Beneficiado pela anistia em 1979, retorna ao Brasil. Deixa o Comitê Central do PCB, por divergências internas, e, em 1982, foi candidato a deputado federal pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) de Pernambuco, ficando apenas como suplente.

Morreu na cidade de São Paulo, no dia 23 de outubro de 1983. Seu corpo foi velado na Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco, tendo reunindo milhares de pessoas.