Nascido em 22 de abril de 1870, terceiro de seis
filhos, aos 17 anos, V. I. Lênin viu seu irmão, Aleksandr, uma das referências do campo
anarquista russo, ser executado após participar de um atentado ao Czar. Esse trágico
acontecimento fez com que, despertasse em Lênin ideias contrárias ao anarquismo
e ao terrorismo como método de combater o czarismo. Após seus profundos estudos
sobre a realidade russa, trilhou um caminho sem volta pro Marxsimo.
Em 1894, durante seu
exílio na Sibéria, Lênin casa-se com a também marxista e professora Nadezhda Konstanti-nova Krupskaia, a qual
colaborou com ele na formação de diversos núcleos social-democratas em Petersburgo.
Em 1985, Lênin realiza
diversas viagens com intuito de estabelecer contatos com outros núcleos
revolucionários marxistas, na Suíça, França e Alemanha. Nesta viagem ele
estabelece o primeiro encontro com o Plekhanov.
Combatendo os
reacionários, os populistas e os revisionistas russos, Lênin reforça a atuação
do Partido Social Democrata Russo, onde teve a sua linha teórica-política aclamada
pela maioria do partido, os Bolcheviques.
Em outubro de 1917,
protagonizou o que seria um das maiores vitórias da classe trabalhadora
mundial, concretizando as idéias de Marx e Engels, instaurando o primeiro
Estado operário.
Seguindo a idéia da Práxis
Revolucionária, onde “sem teoria
revolucionária não há movimento revolucionário” Lênin, escreveu
diversas obras que contribuíram para a conquista da revolução russa de 1917 e
que, até hoje, contribui para as lutas socialistas em todo o mundo. Dentre as
suas obras estão:
·
Que fazer? (1902)
·
Um Passo a Frente, Dois Atrás (1904)
·
Duas Táticas da Social-Democracia na Revolução
Democrática (1905)
·
Imperialismo, fase superior do capitalismo (1916)
·
O Estado e a revolução (1917)
·
As Teses de Abril
·
As Três Fontes e as Três Partes Constitutivas do
Marxismo
·
Capitalismo e Agricultura nos Estados Unidos da
América
·
Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo (1920)
·
Sobre a Dualidade de Poderes
Além dessas obras, uma das maiores contribuições
teóricas para a Revolução de 1917 foi a criação do jornal Iskra em 1900.
A
seguir, temos uma publicação de 05 de março de 1924, do grande marxista peruano
José Carlos Mariátegui, sobre o falecimento de Lênin em 21 de Janeiro de 1924:
O proletariado
revolucionário perdeu mais um de seus grandes condutores e líderes. Um que com
maior eficácia, maior acerto e maior capacidade serviu a causa dos
trabalhadores, dos explorados e dos oprimidos.
Nenhuma vida foi tão fecunda para o proletariado revolucionário como a
vida de Lênin. O líder russo
possuía uma extraordinária inteligência, uma extensa cultura, uma vontade
poderosa e um espírito abnegado e austero. A estas qualidades se unia uma
faculdade assombrosa de perceber claramente o curso da história e adaptar a
atividade revolucionária a ela.
Esta faculdade genial, esta atitude singular, não abandonou nunca Lênin. E assim, iluminado pela
experiência da insurreição de 1905, Lênin compreendeu claramente a necessidade
de criar um partido revolucionário, isento de prejuízos e ilusões democráticas
e parlamentaristas. Logo em 1907, Lênin advertiu para a iminência da guerra,
previu suas conseqüências políticas e econômicas e anunciou a possibilidade e o
dever de aproveitá-la para antecipar e acelerar o fim do regime capitalista.
Finalmente, depois de haver denunciado o caráter da guerra européia e depois de
haver intervindo nos congressos de Zimmerwald e Kienthal, nos quais as minorias
socialistas e sindicais da Europa afirmaram seus princípios classistas e
internacionalistas, abandonados pela Segunda Internacional, Lênin conduziu o proletariado russo a
conquista do poder, aboliu a exploração capitalista em um povo de cento e vinte
milhões de homens, defendeu a revolução de seus inimigos internos e externos e
organizou a Terceira
Internacional, que reúne hoje em suas seções numerosas, milhões de homens de
todas as nacionalidades e de todas as raças em marcha à “luta final”.
Qualquer que seja a posição ideológica que se tenha no campo
revolucionário, não se poder negar a Lênin
um endereço e um posto principal na história da redenção dos trabalhadores.
Vemos, por isso, que os próprios socialistas da Segunda Internacional, dessa
Internacional reformista tão energicamente atacada por Lênin, em sua mensagem de condolências
a Moscou hão rendido homenagem a retidão e a sinceridade do revolucionário
russo.
Comunistas, socialistas e libertários, os homens de todas as escolas e
todos os partidos revolucionários, e tirando estes ou aqueles, almejando um
regime de justiça social, se dão conta de que a obra e a personalidade de Lênin não pertencem a uma seita nem a um
grupo destinado a todo o proletariado, aos revolucionários de todos os países.
O duelo dos trabalhadores é, pois, universal e unânime.
A morte de Lênin significa uma perda enorme para a
Revolução: Lênin poderia dar muito esforço inteligente
as massas revolucionárias. Porém, não teve tempo, afortunadamente, para cumprir
parte essencial de sua obra e de sua missão; definiu o sentido histórico da
crise contemporânea, descobriu um método e uma prática realmente proletários e
classistas e forjou os instrumentos morais e materiais da Revolução. Milhares
de colaboradores, milhões de discípulos prosseguirão, completarão e concluíram
a sua obra.
“Claridad”, em nome da vanguarda organizada do proletariado e da
juventude e dos intelectuais revolucionários do Peru, saúda a memória do grande
mestre e agitador russo.
Fonte
do texto de Mariátegui: http://www.marxists.org